Exoneração do Relações Públicas da PM - Oderlei Santos
Semana passada, o coordenador do grupo AfroReggae (grupo dedicado à levar cidadania aos jovens carentes), Evandro João da Silva, foi assassinado em decorrência de um assalto no centro do Rio de Janeiro. Ao buscarem por maiores informações sobre o crime, a polícia militar teve acesso aos vídeos das câmeras de segurança de alguns prédios próximos ao ocorrido na Rua do Carmo. Ao analisarem essas imagens, se depararam com algo mais grave que um simples assassinato: imagens de uma incrível displicência por parte dos policiais envolvidos.
O porta-voz da PM, Oderlei Santos, até então à frente do setor de Relações Públicas da PM, declarou em entrevista ao Jornal das Dez, da Globo News:
“Os policias militares, que possam ter encorrido em desvio de conduta, nesse momento já estão presos..., isso é o que foi observado, justamente por conta da não prisão de criminosos”
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, nesta última quinta-feira (dia 22.10), pediu a exoneração do major Oderlei Santos do cargo de chefe do setor de Relações Públicas da PM, por ter considerado desrespeitosa as declarações que o porta-voz fez sobre o assassinato, achando que ele atuou como advogado dos policiais ao declarar que tinham cometido apenas um desvio de conduta, não podendo serem chamados de criminosos. Sérgio Cabral afirma: “O porta-voz da PM não pode se comportar como advogado da corporação, isso é um desrespeito à população. Ele não merece ser porta-voz da instituição Polícia Militar”
No dia seguinte, o pedido foi acatado pelo comandante geral da PM, o coronel Mário Sérgio, que fez um pedido de desculpas pelo caso e decretou a exoneração de Oderlei Santos do cargo de Relações Públicas da PM.
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Para aqueles que se interessaram no assunto, fiz um apanhado das notícias e informações que saíram na mídia sobre o ocorrido e descrevi com uma maior riqueza de detalhes a seguir:
Relato do crime minuto-a-minuto:
Segundo o que foi registrado por essas câmeras, os bandidos teríam chego ao local da abordagem à 1h20min, onde roubaram a vítima, lutaram com ele e o deixaram jogado ao chão, quando o atingiram com um tiro e fugiram à pé. Cerca de dois minutos após, são mostrados por uma das câmeras do local, caminhando tranquilamente pela rua, com os pertences roubados da vítima (um par de tênis branco e uma jaqueta vermelha). Neste mesmo instante, a viatura da polícia passa por eles, e o motorista já estava com uma arma empunhada na direção em que os bandidos estavam. Nesse momento, pela câmera da agência bancária (a qual flagrou o assalto), é possível ver quando uma viatura da PM passa pelo corpo de Evandro, indo em direção aos bandidos. Nesse é possível ver Evandro mexendo seu braço esquerdo ao chão, indicando que ainda estaria vivo.
À 1h24min, outra câmera mostra um policial com os pertences roubados, colocando-os na viatura, e duas outras pessoas ao fundo, porém só vistas pela metade. 3 minutos após, um dos suspeitos aparece caminhando livremente, indo embora.
Enquanto a abordagem dos policiais ocorria (à 1h22min), um grupo de pessoas se aproxima ao corpo de Evandro, entre eles um policial fardado. Entretanto, ninguém presta socorro à vítima.
À 1h30min, um policial aparece caminhando por esta rua, pelo local onde os bandidos foram abordados, e no mesmo instante volta no sentido contrário. Por volta de 4 minutos mais tarde, um Gol da PM passa pelo local onde o corpo de Evandro está, porém sem mais se mexer. A viatura pára, um policial salta dela, mas não se sabe para onde foi, já que a imagem foi cortada.
Depois de 3 minutos (1h37min), uma pessoa aparece mexendo em uma lixeira da rua, próxima ao local da abordagem dos bandidos. Após cerca de 20 minutos mais tarde, um Gol da PM (não se têm a identificação se é ou não o mesmo veículo citado anteriormente) passa de marcha ré pela rua, e 5 minutos depois, duas pessoas aparecem mexendo na mesma lixeira por durante 1 minuto, sendo que uma delas parece estar uniformizada.
O desenrolar da situação:
Foi aberto um inquérito para a investigação do caso, para que se descubra o porquê não foi prestado socorro à vítima – que sem assistência morre no local depois de alguns minutos -, além de por qual motivo os pertences roubados não foram entregues pelos militares à polícia. Esse inquérito foi aberto com um prazo de 40 dias, podendo ser prorrogado por mais 20.
Os dois policias envolvidos (o cabo Marcos de Oliveira Sales e o capitão Denis Leonardo Bizarro, supervisor do policiamento da região naquele dia - foram presos administrativamente – na qual não estão em celas e dormem em alojamentos comuns) na 13º BPM (Praça Tiradentes) na noite de quarta-feira (21/10). Após a expiração do prazo desse tipo de prisão, o comandante do batalhão irá analisar a necessidade deles permanecerem presos ou serem libertados até o fim do processo.
Outros 4 policias estão sendo investigados também por negligência no caso.
Os assaltantes não foram presos, têm-se apenas um retrato falado de um deles, com a ajuda de um dos policias que patrulhavam a área (não tive acesso à informação de qual policial que fez este retrato). Os pertences roubados (a jaqueta e o par de tênis) não foram entregues à polícia, e nenhuma declaração de seu paradeiro foi dada. A arma do crime foi encontrada no domingo em uma lixeira, mas a polícia não divulgou a qual rua a lixeira pertencia.
Declarações de Oderlei Santos:
Em entrevista ao Jornal das Dez, da Globo News, o major Oderlei Santos, Relações Públicas da PM, diz: “Os policias militares, que possam ter encorrido em desvio de conduta, nesse momento já estão presos..., isso é o que foi observado, justamente por conta da não prisão de criminosos”
Em outras entrevistas e declarações, disse:
"Tudo será esclarecido assim que as imagens chegarem ao batalhão. Quando tudo ficar claro, quando prendermos os bandidos, aí sim divulgaremos onde estão os pertences dele e todos os outros detalhes".
"Os nomes dos policiais não foram divulgados apenas por que o inquérito está em andamento e não para proteger A ou B (policiais envolvidos). O inquérito será apurado com muito rigor pelo nosso comandante geral".
"Se comprovada a culpa, o processo vai para a corregedoria da PM e, depois, será montado um conselho disciplinar para decidir sobre a expulsão deles (os policiais). A conduta será avaliada e, por isso, eles já estão presos administrativamente".
"Qualquer pessoa que fosse identificada na Justiça num primeiro momento não seria presa já que não houve flagrante. Somente na esfera militar é possível realizar essa prisão domiciliar. A PM está sendo rigorosa, mas não pode haver abuso".
"Já tivemos exemplos de imagens que mostravam uma coisa e era outra; não quer dizer que seja esse caso".
Fontes:
O Dia Online (do provedor Terra):
Gazeta Online (do provedor Globo.com):
Último Segundo (do provedor IG)
Vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=AcxXjBpr3ZQ&NR=1
Imagens:
Retiradas do vídeo citado acima (Print Screen)
Por Tamires Fontana
